sexta-feira, 20 de maio de 2011

morte




Morte
Eu respeito a morte e o silêncio que ela traz.
Respeito a morte pelas vidas que ela junta, as lágrimas que ela coleciona.
Respeito a dor permanente que ela causa. Respeito por ela ser a única capaz de contrariar a vida.
Respeito por quem ela tem.

Respeito a morte por lembrar da impotência do ser diante o tempo. Respeito a morte pelas vidas vividas e histórias deixadas. Respeito pelo futuro. Pela facilidade de ser vista. A visão mais indesejada. Por ser uma contradição.
Respeito o vazio que ela deixa, aquela saudade viva sem morte, imortal.

É o cheiro do desespero com o reencontro. O vazio de estar perdido no mesmo lugar em que nasceu.
É não encontrar pés pra se apoiar nem palavras para amenizar, só simpatizar.
De dor pra dor vai se entendendo, ou se fingindo menos doer. Vai a troca de dor de morte pela dor de vida. Fica tudo, menos você querer.

Mas já faz anos que se fizeram cravados em pele a falta. Faz falta a pele cravada em meus anos. Faz pelos cravos, os anos que eu cravo na terra. Pela falta, pela fé, pela marca na pele, que tenho vivido os anos, respeitando a morte, e cravando minha história na pele de um ou alguns.

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